dia 5 quinta feira véspera de feriado...encontro marcado com Zé Bitter Rock!
dia 13,sexta feira simmmm!!!show com Ana Jardim!!!
dia 14,sábado a noite é de Zé do Belo!
dia 20,sexta feira Os Retocáveis.
dia21,sábado Sarau Núcleo de Filosofia UCS
dia 27,sexta é a vez da Banda Disco!
dia 28,sábado Sarau Acessibilidade e a Cidade.depois.....
Show com Rodrigo Nassif /20:30hrs
....e no meio dessa agenda toda tem as Domingueiras....prá você passar
à limpo seu fim de semana,na companhia de amigos...no entorno do Ordovás
....dentro do Zarabatana!
...rolando à esteira)))))))))))
)))))))))))Prá atiçar à vontade...dia 4 de maio All Jazzeira!
terça-feira, 27 de março de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Agenda para Março
...
02 de março...Velho Hippie
09 de março...Feira de Mangaio...Tributo à Clara Nunes
16 de março...Tea For Three
23 de março...Canteriando
30 de março...Seresteiros do Luar
...
02 de março...Velho Hippie
09 de março...Feira de Mangaio...Tributo à Clara Nunes
16 de março...Tea For Three
23 de março...Canteriando
30 de março...Seresteiros do Luar
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
sexta feira.....dia 10 do mês de Fevereiro.
Nesta sexta....Tita e Rafa tocam primeiro aqui....às 20hrs...boa música....boa hora....bóra!!!!!
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Wislawa Szymborska
Gente na ponte
Estranho planeta e nele essa gente estranha.
Sujeita ao tempo, não o reconhece.
Tem seu jeito de expressar seu desagrado.
... Faz pequenas pinturas assim como esta:
Nada especial à primeira vista.
Vê-se a água.
Vê-se uma das suas margens.
Vê-se uma canoa forçando seu curso contra a corrente.
Vê-se uma ponte sobre a água e vê-se gente na ponte.
Essa gente claramente apressa o passo,
porque de uma nuvem escura
começou a cair uma bruta chuva.
A questão é que ali nada mais acontece.
A nuvem não muda a cor nem a forma.
A chuva nem aumenta nem cessa.
A canoa navega sem se mover.
A gente na ponte corre
no mesmo lugar de ainda há pouco.
É difícil passar sem um comentário:
Esse não é de modo algum um quadro inocente.
Aqui o tempo foi suspenso.
Deixou-se de levar em conta suas leis.
Foi privado da influência no curso dos eventos.
Foi desrespeitado e insultado.
Por causa de um rebelde
um tal Hiroshige Utagawa
(um ser que por sinal,
como sói acontecer, faz muito que se foi),
o tempo tropeçou e caiu.
Talvez seja só uma simples brincadeira,
uma travessura na escala de um par de galáxias,
em todo caso porém
acrescentemos o seguinte:
Tem sido de bom-tom há gerações
ter a obra em alta conta,
deslumbrar-se e comover-se com ela.
Tem aqueles para quem nem isso basta.
Ouvem até o barulho da chuva,
sentem as gotas frias no pescoço e nas costas,
olham a ponte e as pessoas,
como se lá também se vissem,
na mesma corrida que nunca termina
na estrada sem fim, eternamente à frente
e acreditam, na sua desfaçatez,
que de fato é assim.
Conversa com a pedra
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Quero penetrar no teu interior
... olhar em volta,
te aspirar como o ar.
_Vai embora_diz a pedra. _
Sou hermeticamente fechada.
Mesmo partida em pedaços
seremos hermeticamente fechadas.
Mesmo reduzidas a pó
não deixaremos ninguém entrar.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Venho por curiosidade pura.
A vida é minha ocasião única.
Pretendo percorrer teu palácio
e depois visitar ainda a folha e a gota d'água.
Pouco tempo tenho para isso tudo.
Minha mortalidade devia te comover.
_Sou de pedra _diz a pedra _
e forçosamente devo manter a seriedade
Vai embora.
Não tenho os músculos do riso.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Soube que há em ti grandes salas vazias,
nunca vistas, inultimente belas,
surdas, sem ecos de quaisquer passos.
Admite que mesmo tu sabes pouco disso.
Salas grandes e vazias _diz a pedra_
mas nelas não há lugar.
Belas, talvez, mas para além do gosto
dos teus pobres sentidos.
Podes me reconhecer, mas nunca me conhecer.
Com toda a minha superfície me volto para ti
mas com todo meu interior permaneço de costas.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu me deixe entrar.
Não busco em ti refúgio eterno.
Não sou infeliz.
Não sou uma sem-teto.
O meu mundo merece retorno.
Entro e saio de mãos vazias.
E para provar que de fato estive presente,
não apresentarei senão palavras,
a que ninguém dará crédito.
_Não vais entrar _diz a pedra._
Te falta sentido da participação.
Mesmo a vista aguçada até a onividência
de nada te adianta sem o sentido da participação.
Não vais entrar, mal tens ideia desse sentido,
mal tens o germe, a sua concepção.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Não posso esperar dois mil séculos
para estar sob teu teto.
_Se não me acreditas _diz a pedra_
fala com a folha, ela dirá o mesmo que eu.
Com a gota d'água, ela dirá o mesmo que a folha.
Por fim pergunta ao cabelo da tua própria cabeça.
O riso se expande em mim, o riso, um riso enorme,
eu que não sei rir.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
_Não tenho porta -diz a pedra.
(Wislawa Szymborska - tradução Regina Przybycien
Estranho planeta e nele essa gente estranha.
Sujeita ao tempo, não o reconhece.
Tem seu jeito de expressar seu desagrado.
... Faz pequenas pinturas assim como esta:
Nada especial à primeira vista.
Vê-se a água.
Vê-se uma das suas margens.
Vê-se uma canoa forçando seu curso contra a corrente.
Vê-se uma ponte sobre a água e vê-se gente na ponte.
Essa gente claramente apressa o passo,
porque de uma nuvem escura
começou a cair uma bruta chuva.
A questão é que ali nada mais acontece.
A nuvem não muda a cor nem a forma.
A chuva nem aumenta nem cessa.
A canoa navega sem se mover.
A gente na ponte corre
no mesmo lugar de ainda há pouco.
É difícil passar sem um comentário:
Esse não é de modo algum um quadro inocente.
Aqui o tempo foi suspenso.
Deixou-se de levar em conta suas leis.
Foi privado da influência no curso dos eventos.
Foi desrespeitado e insultado.
Por causa de um rebelde
um tal Hiroshige Utagawa
(um ser que por sinal,
como sói acontecer, faz muito que se foi),
o tempo tropeçou e caiu.
Talvez seja só uma simples brincadeira,
uma travessura na escala de um par de galáxias,
em todo caso porém
acrescentemos o seguinte:
Tem sido de bom-tom há gerações
ter a obra em alta conta,
deslumbrar-se e comover-se com ela.
Tem aqueles para quem nem isso basta.
Ouvem até o barulho da chuva,
sentem as gotas frias no pescoço e nas costas,
olham a ponte e as pessoas,
como se lá também se vissem,
na mesma corrida que nunca termina
na estrada sem fim, eternamente à frente
e acreditam, na sua desfaçatez,
que de fato é assim.
Conversa com a pedra
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Quero penetrar no teu interior
... olhar em volta,
te aspirar como o ar.
_Vai embora_diz a pedra. _
Sou hermeticamente fechada.
Mesmo partida em pedaços
seremos hermeticamente fechadas.
Mesmo reduzidas a pó
não deixaremos ninguém entrar.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Venho por curiosidade pura.
A vida é minha ocasião única.
Pretendo percorrer teu palácio
e depois visitar ainda a folha e a gota d'água.
Pouco tempo tenho para isso tudo.
Minha mortalidade devia te comover.
_Sou de pedra _diz a pedra _
e forçosamente devo manter a seriedade
Vai embora.
Não tenho os músculos do riso.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Soube que há em ti grandes salas vazias,
nunca vistas, inultimente belas,
surdas, sem ecos de quaisquer passos.
Admite que mesmo tu sabes pouco disso.
Salas grandes e vazias _diz a pedra_
mas nelas não há lugar.
Belas, talvez, mas para além do gosto
dos teus pobres sentidos.
Podes me reconhecer, mas nunca me conhecer.
Com toda a minha superfície me volto para ti
mas com todo meu interior permaneço de costas.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu me deixe entrar.
Não busco em ti refúgio eterno.
Não sou infeliz.
Não sou uma sem-teto.
O meu mundo merece retorno.
Entro e saio de mãos vazias.
E para provar que de fato estive presente,
não apresentarei senão palavras,
a que ninguém dará crédito.
_Não vais entrar _diz a pedra._
Te falta sentido da participação.
Mesmo a vista aguçada até a onividência
de nada te adianta sem o sentido da participação.
Não vais entrar, mal tens ideia desse sentido,
mal tens o germe, a sua concepção.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
Não posso esperar dois mil séculos
para estar sob teu teto.
_Se não me acreditas _diz a pedra_
fala com a folha, ela dirá o mesmo que eu.
Com a gota d'água, ela dirá o mesmo que a folha.
Por fim pergunta ao cabelo da tua própria cabeça.
O riso se expande em mim, o riso, um riso enorme,
eu que não sei rir.
Bato à porta da pedra.
_Sou eu, me deixa entrar.
_Não tenho porta -diz a pedra.
(Wislawa Szymborska - tradução Regina Przybycien
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
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